Uma tasca portuguesa

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Taberna Portuguesa

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Saudades

No "nosso" Bairro há muitas saudades. Esse sentimento reflecte-se numa nostalgia de um passado imaginado e idealizado, sonhando-se um futuro melhor. Também na política do "nosso" Bairro há saudades. Em especial saudades pelo "outro tempo".
No outro tempo é que era bom. Foi o tempo do Bairro Novo, tempos de contas e factos certos, sob a batuta e grande liderança do Sr. Professor Dr. Rapa-tachos. O homem providencial. Enviado literalmente por Deus e pela Sua Santa Igreja, onde o Sr. Professor se instruiu nos tempos de Seminários nos valores cristãos. Juntou a isso a formação na Rua da Universidade do "nosso" Bairro, local onde as mentes mais brilhantes do Bairro foram enformadas. Pela sua formação e divina inspiração, ficaram as contas da Junta, ao tempo chamada Regedoria, certas. Os orçamentos tiveram superávit, as facturas foram pagas, as hostes acalmadas. A paz do Bairro era garantida, tal como hoje pela Repartição, pela Esquadra e pelos Janotas, segundo os métodos e coordenação da Pevide, os serviços de vigilância do Bairro Novo.
Foi tudo "novo": a Educação básica na Escola e na Catequese asseguradas; saber ler, escrever e contar, tudo na base do marranço . Até os nomes dos riachos se sabia! Pensar e reflectir, ser "doutor" reservado às elites. Um desporto elevado a rei. Um estilo musical feito hino do bairro. Um Bairro Novo amado e protegido por Nossa Senhora! Assim seria o "outro tempo", idealizado pelos publicitários da Tasca.
Um povo alimentado no vinho da casa e no pão que Deus e o diabo amassaram. Na Tasca, ao balcão alguns comiam sopas de cavalo cansado, sob o olhar dos comensais que à mesa sabem o seu lugar por via do título eclesiástico, nobiliárquico ou académico. Nos bons velhos tempos o protocolo era mais rígido na Tasca.

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