Uma tasca portuguesa

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Taberna Portuguesa

sábado, 11 de julho de 2015

O Justiceiro

No "nosso" Bairro há um justiceiro. Anda à solta ali para os lados do Tribunal. Assusta tudo e todos, empresários, banqueiros e políticos. Os grandes do bairro, tal é o seu poder. Não há processo dos grandes que não passe pelas suas mãos, alguns até têm direito a sair nos pasquins, outros arquivam-se nas brumas do tempo. A informação é o tesouro que o Justiceiro guarda. Condenar ou manter na gaveta, em conjunto com os amigalhaços da Arquivadoria, faz parte do jogo. Importa é ter o poder e o Pessoal Janota às ordens.
É um justiceiro de "entrada de leão e saída de sendeiro", mais importante que sentenças, a sua arma é a condenação social. Quem ele não gosta, leva com notícia no Pasquim. E se sai no Pasquim Matinal deve ser verdade, não é? Ser conhecido e conhecer os "podres" dos donos da Comunicação Social também ajuda, dizem. O povo gosta de justiceiros. Assim, não há abuso, há "justiceirice". Com os olhos fechados das três Graças, apurou-se técnicas de outros tempos, agora há calendário e tempo de detenção, tudo calculado para obter a "confissão". Enquanto não há "confissão", a todos dá anilha, não se vão lembrar de fugir!
Que importa se da "montanha" da Justiça ou da Tasca, o "rato" saia condenado ou inocentado, quem paga a prisão ou a indemnização é o orçamento da Junta, afinal é para isso que todos no "nosso" bairro pagam Tributo.
O Justiceiro  tem lugar discreto numa mesa rectangular  da Tasca, aquela onde a toalha é axadrezada e se sentam alguns arquivadores e jornalistas apreciadores da farinheira. É tão bom, o lugar que se tornou inamovível. No fundo, é o lugar do Justiceiro do povo do "nosso" bairro.

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