Aqui contam-se estórias do "nosso" bairro. Um bairro plantado à beira mar, nesta cidade a que chamam Europa.
Uma tasca portuguesa
segunda-feira, 22 de junho de 2015
Justiça
Falar de Justiça no "nosso" bairro é complicado. É assunto tabu para muitos. A justiça aqui no bairro faz-se no bairro para os dos bairro pelos do bairro. É a "nossa" justiça. Apesar de termos um tribunal no "nosso" bairro, a justiça é feita, decidida e transitada na Tasca, ao som da música do jogo-das-cadeiras regada pelo "vinho da casa". Na justiça do "nosso" bairro há vários intervenientes: a Esquadra, a Repartição, os Janotas, a Arquivadoria e o Tribunal. A cada um o seu papel. Às equipas da Esquadra e à Repartição, cabe investigar o crimes do dia-a-dia do nosso bairro. Naturalmente, que à Repartição cabe assegurar que todos pagam o Tributo, à esquadra todos os outros crimes, do pequeno ao maior. Aos Janotas cabe apresentar trabalho, têm fama de saber investigar, i.e. pegam no trabalho do pessoal da Esquadra ou da Repartição e dão-lhe o enquadramento necessário. Depois temos a peça mais importante do tabuleiro: a Arquivadoria. A esta cabe arquivar, dar o dito por não dito, enviar o postal. Sobre o Postal, um dia escreveremos por aqui. Mas à Arquivadoria compete também o mais importante na justiça do "nosso" bairro: deduzir a acusação. A acusação neste peculiar regime jurídico é muito importante, pois é única e exclusivamente sobre ela que o Tribunal dá parecer positivo (raras são as vezes que o parecer é negativo. Como este "nosso" bairro é de Direito há sempre lugar ao recurso. Há vários tipos de recurso. O recurso para o tribunal da Cidade para aqui não importa, por razões que se conhece, ali a justiça do "nosso" bairro perde sempre. Os recursos que importam no "nosso" bairro são o oficial - raro -, e o oficioso para a Tasca. É na Tasca que se faz a relação dos prós e contras da decisão, influenciada se tomada antes, durante ou depois do almoço. A gastronomia sempre determinou a vida no "nosso" bairro.
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