Uma tasca portuguesa

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Taberna Portuguesa

terça-feira, 23 de junho de 2015

A inveja

No "nosso" bairro há quem diga que há inveja. Somos muito autocríticos, talvez resultado da displicência orientada para objectivos particulares que nos caracteriza, mas - bem observado - não somos invejosos. Comentamos e observamos o que os outros têm e não têm; sim é uma forma de avaliação, no fundo aqui no "nosso" bairro estamos habituados a pouco ter. E, já se sabe, quando pouco se tem há que saber como pairam as modas. Logo, o que os vizinhos têm é a referência. Se têm dois carros, uma mota e férias nos outros bairros, passa a ser objectivo do nativo ter dois carros, uma mota e férias lá fora. Claro, está que nem sempre ganham o mesmo, ou têm o mesmo plafond de crédito, quando tal acontece temos o caldo entornado. Nascem tensões e frustrações. Por isso, quando alguém tem mais dos que os seus vizinhos, dita a tradição que deve mudar de rua. Assim, se mantém o equilíbrio social no. Quando o que temos e não temos passa a estar nas bocas do "nosso" bairro, já sabemos, é altura de mudar de rua.  Na Tasca também não há invejas, pois dita a hierarquia e o protocolo, quem entra, onde se senta e o que pode pedir do menu. Tudo o mais é coisa de gente de fora que não percebe do "nosso" quotidiano.

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