Aqui contam-se estórias do "nosso" bairro. Um bairro plantado à beira mar, nesta cidade a que chamam Europa.
Uma tasca portuguesa
sexta-feira, 26 de junho de 2015
A outra moeda
No "nosso" bairro há uma moeda para além do Euro. É uma moeda que tem duas faces e aceitação em quase todos os lugares. Na cara temos o "favorzinho", empregos, negócios, burocracias, resolvem-se pela palavra certa à pessoa certa. Negócios de Tasca. Uma mão lava a outra, dizem. Assim, as coisas resolvem-se entre as pessoas do "nosso" bairro. Mas, tal moeda tem uma outra face, a da ingratidão. Feito o "favor" porque se há de ficar eternamente agradecido? Uns fazem-nos - uma minoria - outros, preferem, logo que possível esquecer a cunha, o ganho ou o deferimento. Não fica bem passar na Praça Central e reconhecer perante tudo e todos que se deve algo a alguém. Quanto mais se sobe na escada social, mais se esquece os "favores" aos de baixo. É a outra face da moeda: a coroa da ingratidão. Mas isto é nas ruas e nas praças do "nosso" bairro. Na Tasca a regra é outra. Na tasca há conta-corrente. Os favores são contabilizados, ao balcão registam-se. E se uns, porque já comem à mesa da Tasca, se fingem esquecidos. Alguns até parecem pagar em ingratidão. Mas ingratidão é paga com juros. Um dia, não se sabe quando, serão lembrados do verdadeiro deve e haver. Os verdadeiros credores e devedores estão todos lá, todos bebem do "vinho da casa". As dívidas relembram-se ao som do jogo das cadeiras. Na Tasca os negócios fazem-se há muitos séculos. É a tradição.
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